1 de fevereiro de 2010

“Como o educador se apropria do imaginário? Uma reflexão à luz da Tecnologia Educacional”

A busca de entendimento das relações do imaginário infanto - juvenil em sala de aula nos remete às particularidades das interações sociais e das mesmas frente à construção do conhecimento. Neste sentido, faz-se necessário recorrer ao avanço registrado da Psicologia Infantil, quanto aos mecanismos do desenvolvimento e da aprendizagem. Segundo Jean Piaget, a partir dos estudos da cognição e inteligência que muito contribui para reflexões em Educação, cuja teoria será apresentada e discutida em alguns aspectos deste relatório, os conhecimentos jamais atingirão a escola se os educadores não os incorporarem e traduzi-los, visando uma realização original.

A escola em geral é criticada justamente por não valorizar: a formação do imaginário, a inteligência ética e o emocional dos alunos, e estes são campos de reflexão, intervenção e em alguns casos, de gerenciamento das relações e dos conflitos, ou seja, partes integrantes da constituição do sujeito. E ainda, pela não receptividade dos impactos culturais tecnológicos que bombardeiam a vida da comunidade escolar e de todos nós, interferindo direta e indiretamente na formação desta subjetividade, principalmente se considerarmos a escola como campo em que se dão de maneira privilegiada estas relações interpessoais.

Para que possamos refletir à luz deste novo prisma torna-se necessário que, os educadores conscientizem-se da imensa responsabilidade de orientação diante da complexidade em que se dá a construção do saber pelo sujeito.

É fundamental que reconheçam que a prática docente adquire novos significados se relacionada às novas tecnologias da comunicação.

Uma vez que, buscando ler, compreender o mundo que o cerca e assimilando o patrimônio histórico cultural, bem como as suas expressões emergentes, dialéticas e efêmeras, não faz sentido excluir tais conhecimentos da Educação escolar. Isto porque, a escola é o lugar onde a cultura se manifesta por diversos vieses e faces.

Permeia valores, costumes, hábitos, regras de convivência, normas, preferências, desejos, sonhos, frustrações e imaginários multifacetados e neste sentido acredita-se que este também seja o espaço para que o educador aprenda a lidar com as informações quando e como elas surgem, já que manifestadas pela comunidade escolar como um todo. E também se permitir educar num mundo contextualizado.

Em Educação não existe coisa mais importante que a formação do educador. Entretanto para que esta seja eficaz, precisa ser contínua. É comum dizer, que o educador ensina porque aprende. “A partir do momento que deixa de aprender perde a legitimidade para ensinar” (BECKER, 1997:147).

Este paradigma quanto à formação contínua do educador trata-se de uma inovação educativa associada às renovações pedagógicas, entendidas aqui, como conjunto de intervenções, decisões e processos intencionais sistematizados e necessários que tratam de modificar, transformar e inovar idéias, culturas, atitudes e comportamentos. São estes os aspectos da reflexão abordados neste relatório.

É preciso saber inovar!

O maior desafio dessa inovação, é a conversão da informação (palavra, texto, imagem) em conhecimento, devido à quantidade de estímulos gerados e a falta de sentido e conexão, entre eles, saber codificá-la, iterá-la, contextualizá-la, interpretá-la, dar-lhe sentido e significação; proporcionando o desenvolvimento de uma inteligência imaginativa e crítica da realidade (CARBONELL, 2002).

A partir deste pensamento, a intervenção na prática docente do Colégio em questão, foi realizada a pesquisa. Os educadores, portanto, são sujeitos desta investigação e intervenção pedagógica.

O sujeito da aprendizagem atual é semelhante e diferente dos sujeitos - aprendizes de todos os tempos na medida em que pergunta e interfere com muito mais desembaraço. É um ser humano que pergunta sobre tudo, o que por vezes incomoda, e isto é diferente se nos referirmos às últimas décadas.

Este aprendiz dispõe de vasta informação por meio da TV, do rádio, da mídia impressa, da Internet, de CDs, etc., de forma como jamais a humanidade conheceu.
Seu potencial imaginário é sugestionado por estas tecnologias, permeando ações e atividades cotidianas. Estas, por sua vez, “alteram a cultura social, o modo de viver, de se relacionar, de imaginar, de aprender e ensinar. No entanto, demanda informação de qualidade (ciência, ética, estética), pois reivindica o direito ao debate dessas informações. O que exige uma relação pedagógica ativa, que dê conta deste potencial imaginativo, por excelência” (BECKER, 1994, p. 89-96).

Sendo assim, acredita-se que um modelo pedagógico relacional é o único que conseguirá dar conta dessa demanda. E o educador, embora seja também, sujeito deste bombardeio tecnológico, deve aprender a ler isso no comportamento do aluno.

É neste contexto de duelo entre: patrimônio cultural à cerca do imaginário infanto - juvenil e o avanço das tecnologias, que se fundamentam os objetivos desta pesquisa. Colocando frente a frente o passado e o futuro, tendo como mediador deste diálogo, a apropriação da tecnologia em prol da Educação de qualidade e formação de novas gerações pensantes, críticas e éticas.

Apresentado sob o tema: “Como o educador se apropria do imaginário? Uma reflexão à luz da Tecnologia Educacional”, objetiva-se discutir como o educador se apropria das mutações históricas e como se dá a sua relação com as tecnologias. Bem como, a interferência subjetiva desta apropriação, na construção do saber pelo aluno.

Far-se-á, para tanto, uma leitura crítica do conhecimento no que diz respeito ao imaginário midiático infanto-juvenil e sua relação quanto aos conteúdos e estratégias estabelecidas pela escola. A fim de contribuir para a reflexão docente, no tocante à crise da escola, neste mundo globalizado; atentando, também, para o aproveitamento da produção cultural.

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