29 de março de 2010

Manifesto: O SER professor hoje


Sou professora e não participei esse ano da paralização da categoria...
Porém recebi de uma prima que também é professora um relato d como foi e o ponto de vista dela sobre o assunto.


 
A cada dia que passa tenho mais convicção que ser Professor é um DOM e no sentido mais amplo de sua palavra, uma atribuição divina mesmo, quero com este enfocar a dimensão do homem e sua relação com o mundo, somos seres que tentam  a todo custo e momento buscar  sentidos para exercer nosso “dom” e fazer com que possamos nos sentir felizes e realizados naquilo que optamos para ser, agentes participantes e transformadores na sociedade.
De acordo com o contexto, modificam-se os agentes e isso não poderia ser diferente com os professores, mas o que infelizmente vem ocorrendo é que nesse processo histórico essas mudanças não estão sendo nada favoráveis a nossa fragmentada classe. Resolvi “desabafar” através dessa reflexão, expondo á você que somos educadores e sobre nós recaí a grande responsabilidade de incitarmos a mudança , de sermos pontes para construirmos juntos o conhecimento e principalmente de focarmos nossos projetos na capacidade de formamos cidadãos críticos e conscientes, ou seja, não é novidade que a base de uma sociedade é a educação!
Sou professora da Rede de Ensino do Estado de São Paulo e um emaranhado de sentimentos me leva a expressar em palavras o que vivo ao exercer sem arrependimentos a minha profissão de EDUCADORA.  
Aderi ao movimento de paralisação, sendo este nosso último recurso para quem sabe escutarem o nosso clamor que vem sendo oprimido há anos com o sucateamento da educação, e pode ter certeza que isso não se refere somente a falta de valorização da nossa mão-de-obra, somos produtos de baixo valor no mercado, pois apesar de estarmos em meio a uma “sociedade do conhecimento” não é interesse de uma minoria dominante que este seja expandido, seria extremamente perigoso nossa “clientela” (como agora somos tratados) começarem  a exigir o que encontramos em alguns artigos da nossa linda mas distante Constituição Federal.



No dia 27/03/2010 ocorreu uma manifestação organizada por vários sindicatos de Professores, mais uma tentativa de negociação com o nosso Governo por melhores condições salariais, estruturais e de tentar fazê-los compreender que instaurar um sistema de méritocracia na educação não ajuda em nada a melhorar a sua qualidade e sim transformar nossas escolas em mais um ambiente de competição, onde os “melhores” vencerão e o “resto” infelizmente estará fadado ao fracasso e serão a massa excluída de um futuro próximo.
NÃO nos entenderam e nossas vozes não foram somente sufocadas pelo desprezo à Educação, mas SIM por BOMBAS DE GASES DE EFEITO MORAL, BALAS DE BORRACHAS, e o que se via eram educadores, estudantes e população tentando reivindicar um dos tantos outros direitos fundamentais, a EDUCAÇÃO, mas acabamos FERIDOS, SANGRANDO (por dentro e por fora) pela falta de respeito e dignidade que tratam não só os educadores, mas a população em geral. Um cenário de GUERRA instaurou-se em plena a Avenida Morumbi em São Paulo, é lastimável que um país que seja “exemplo de democracia” trate seus educadores dessa forma.
Fica aqui registrada a minha indignação: VIOLÊNCIA, REPRESSÃO E FALTA DE EDUCAÇÃO, não fazem parte dos “planos de ensino” de uma sociedade que deveria respeita e valorizar o cidadão!
  


Se pensarem que toda essa humilhante situação me fez repensar no meu oficio de educadora, muito pelo contrário, caminho seguindo referências como  de Betinho que sonhava em ver ainda em vida... “que o Brasil começou a mudar”, Chico Mendes e tantos outros, que eles sejam a nossa inspiração e exemplo daquilo que Frost sabiamente poetizou: “Duas estradas seguiam diferentes caminhos num bosque. Peguei a menos movimentada. Isso fez toda a diferença”.
 Embora nossos caminhos pareçam tortuosos, tenhamos forças para nos unirmos e continuar a LUTAR para transformar o MUNDO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO. Pode parecer utopia de uma jovem professora, mas que eu a leve enquanto viver!                                    
            
              BIANCA ROSA – TAUBATÉ SP
PROFESSORA (CATEGORIA O) DE HISTÓRIA DA  
 REDE ESTADUAL DE ENSINO DO ESTADO DE SÃO PAULO
                                                                               

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...podas...quando você comenta eu posso crescer...pensar...amadurecer a idéia...