Pandemia: É tempo de conversão

Pensar no outro é um exercício de amor, travestido na profunda confiança na Divina Providência que age na abertura do meu coração, e não somente na manutenção do meu estoque, no esvaziamento das prateleiras dos supermercados e farmácias. Eis o tempo favorável.

23 março 2020

São tempos difíceis. Mas Deus é sempre novo e nos convoca, como cristãos, a um testemunho de amor. Este período favorável se dá, principalmente, por meio da obediência ao clamor das autoridades governamentais.

É tempo de interceder pelos nossos irmãos, trazendo rostos de diversas partes do mundo para a nossa oração, rogando pela saúde e pela proteção contra esse invisível vírus.

Somos o povo que fez a experiência com o Ressuscitado que passou pela Cruz, por isso carregamos a Esperança e a serenidade de Cristo diante das mais variadas dificuldades.

Fiquemos atentos à voz do Amado neste tempo de contenção dos nossos corpos em locais mais reclusos, na intenção de olharmos mais para dentro. E neste gesto, amar o outro que não tem um rosto específico, que mas traz o Espírito de Deus em si e merece o meu cuidado.

Sacrifícios são próprios do Amor. Neste período, seja o álcool gel, as máscaras ou os terços empunhados continuamente pelos de filhos de Deus: Não é tempo de soberba e de orgulho manifesto por meio da indiferença às notícias e comunicados, ou de autossuficiência de quem se gaba verbalmente pelo seu histórico de perfeita saúde corporal.

A humildade é a virtude do combatente, travestida de prudência e da docilidade dos corações que contribuem com a vivência da unidade, neste tempo de silêncio e de sacrifício diante do altar.

O medo não é bem vindo à alma que se abandona em Deus, mas a prudência e o respeito a este delicado tempo revelará muito sobre nós.

A criatividade é própria do Espírito orante em nós, cujos gestos de amor, compaixão e solidariedade podem ganhar espaços nas inúmeras redes sociais e nos aplicativos nos smartphones.

A intimidade com a Verdade pode nos auxiliar na seleção de notícias e mensagens a serem compartilhadas, que devem ser primeiro verificadas nas peneiras da bondade, da real necessidade, da verdade…

Deixemo-nos invadir pela criatividade do Espírito na evangelização diária, alma à alma: nas ligação para os familiares ou para amigos distantes, que há tempos não temos notícias. Que essa seja uma prática constante neste tempo de educação e retenção dos nossos corpos.

Partilhemos esperança, consolo, alegria e outros temas elevados que a alma pode criar. Pessoas monotemáticas são exaustivas, denotam uma vazio existencial.

Eis o tempo da solidariedade: pensar no outro é um exercício de amor, travestido na profunda confiança na Divina Providência que age na abertura do meu coração – e não na manutenção do meu estoque, no esvaziamento das prateleiras dos supermercados e farmácias.

Ah, São José, valei-nos e rogai por nós.

Aulas e trabalhos suspensos. Mais tempo de intimidade com Deus, no lugar de férias e lazer. Eis o tempo propício para cuidar dos nossos em nossos lares e de oferecer ajuda aos mais necessitados.

Bendito convite à aproximação dos nossos anciãos, com vidas repletas de sabedoria e ensinamentos! Sejam eles o alvo do nosso amor, das nossas obras de misericórdia, colaboradores da nossa busca pela santidade!

Este também é o tempo para aquela leitura espiritual que eleva o nosso pensamento e a nossa alma.

Vale lembrar também que as nossas crianças são CRIANÇAS. Sensíveis, delicadas e plenamente confiantes e seguras emocionalmente em seus responsáveis. Cuidemos a orientá-los.

O Amor aqui se transfigurará em delicadeza, prudência e cuidado ao pedir para lavar as mãos constantemente. Sem alardes ou pânicos…

Façamos valer o trecho da canção Minha vida é toda Tua, os meus planos e os meus sonhos, de nada vale o existir se não for para te adorar…

Ninguém gosta de ter a sua dinâmica cotidiana alterada, os planos modificados…

Por isso exercitemos as virtudes da docilidade e da paciência em prol da santidade e da imunidade comum.

Juntos, compactados na graça, sob o manto de Maria somos mais fortes, imunes e santos. É tempo de sacrifícios e de oferta de vida cheias de sentido.

Ontem, na missa dominical (pela web), de máscara e munida de álcool em gel, fiquei feliz em poder corresponder o meu chamado neste tempo.

Aline Rosa

Consagrada da Comunidade de Aliança no Shalom Santo de Amaro (SP)